segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

As Cidades Invisíveis - Italo Calvino



    Ítalo Calvino nasceu em 1923, em Cuba, por onde seus pais, cientistas italianos, estavam de passagem. Sua infância foi em San Remo, na Itália. Ao fim da guerra, Calvino foi morar em Tuim, onde se doutora em letras com uma tese sobre Joseph Conrad.
    





      Só a partir de 1950 Calvino começaria a escrever as obras que o tornaram famoso internacionalmente. Em 1972, publica Cidades invisíveisno qual ele imagina um diálogo entre um viajante, Marco Polo, e o imperador dos Tártaros, Kublai Khan, descrevendo cidades visitadas em missões diplomáticas.
      Polo então começa a descrever minuciosamente 55 cidades por onde teria passado, agrupadas numa série de 11 temas: "as cidades e a memória", "as cidades e o céu", "as cidades e o mortos" etc.







As cidades e as memórias:

    É estabelecida uma análise sobre como a cidade foi e como ela é, fazendo uma relação da memória com à atualidade. Observa-se ainda que cada cidade, seja ela de tempos passados ou atuais, tem sua marca e seu significado pra os habitantes e seus visitantes; cada uma te suas características, não existe nem melhor nem pior, cada uma é singular.

   “Tudo isso para que Marco Polo pudesse explicar ou imaginar-explicar ou ser imaginado explicando ou, finalmente, conseguir explicar a si mesmo; que aquilo que ele procurava estava diante de si, mesmo que se tratasse do passado, era um passado que mudava à medida que ele prosseguia sua viagem, porque o passado do viajante muda de acordo com o itinerário realizado, não o passado recente ao qual, cada dia que passa, acrescenta um dia, mas um passado mais remoto. Ao chegara uma nova cidade, o viajante reencontra um passado que não lembrava existir: a surpresa daquilo que você deixou de ser ou deixou de possuir revela-se nos lugares estranhos, não nos conhecidos.“
Exemplos: Diomira, Isidora, Zaíra, Zora e Maulília.

As cidades e os desejos:

    Observa- se que todas as cidades apresentam dois modelos; um modelo real, representado pela cidade atual, e outro como modelo suposto, que se imaginava possível, mas que na prática deixa de sê-lo dando lugar à cidade ideal.


      O vídeo conta a história da cidade chamada Zobeide que fora criada a partir de um sonho que vários homens tiveram durante a noite, no qual eles perseguiam uma mulher que sempre conseguia escapar. Quando os homens acordaram foram em busca dessa mulher, no entanto só acharam uns aos outros e assim resolveram criar uma cidade parecida com o sonho e com armadilhas para a suposta mulher não escapar. A mulher nunca apareceu e as ruas da cidade de Zobeide deram lugar a uma vida cotidiana de várias pessoas.
Ex.: Dorotéia, Anastácia, Despina, Fedora e Zobeide.


As cidades e os símbolos:

     Quando vamos em uma cidade, mesmo ela sendo desconhecida, conseguimos observar e entender suas diferenças, sabemos interpretar a que classe social um determinado espaço pertence. O que nos mostra que todos nós temos, em nossa mente, uma cidade pré-determinada feita de diferenças.
Ex.: Olívia, Zoé, Ipasia, Tamara e Zirma.

As cidades delgadas:

    O autor observa que as mutações que ocorrem nas cidades ao longo do tempo geram desejos de mudança, porém, dependendo da cidade, esses desejos podem cancelar a cidade, ou seja, muda-la completamente fazendo-a perder as raízes, ou a própria cidade pode cancelar esse desejo de mutação.
Ex.: Sofrônia, Otávia, Zenóbia, Armila e Isaura.

As cidades e as trocas:

    Todas as cidades são postos de troca de informações, vivências, experiências e histórias que são passadas de pessoa pra pessoa e são sempre transformadas, ganhando a forma que a pessoa que ouviu compreende, ocupando espaço na imaginação de cada um.
Ex.: Cloé, Eutrópia, Ercília, Esmeraldina e Eufêmia.


As cidades e os olhos:

    O conjunto de imagens formandos por toda a cidade, tanto o lado de dentro quanto o lado de fora, construindo apenas a ideia na mentes das pessoas, tornando-as cidades invisíveis.
Ex.: Valdrada, Zemhude, Bauci, Fílide, Moriana.

As cidades e o nome:

    O nome torna-se a maior identidade da cidade, chegando a ser o seu único patrimônio permanente que esta possui.
Ex.: Aglaura, Leandra, Pirra, Clarisse, Irene.

As cidades e os mortos:

    Os mortos, que possuem uma cidade própria, são tratados como uma população com a qual se convive normalmente, assim, a cidade é descrita de acordo com a relação de vivos e mortos.
Ex.: Melânia, Adelma, Eusápia, Argia e Laudômia.

As cidades e o céu:

    Calvino mostra como a crença interfere na formação e desenvolvimento das cidades, dando como exemplo Perízia e Ândria que tentaram se tornar uma reprodução do céu, inspirando-se no zodíaco, nas constelações e nas orbitas dos planetas.
Ex.: Tecla, Bersabéia e Eudóxia.

As cidades contínuas:

      O crescimento das cidades provoca uma continuidade do espaço, uma perda de individualidade, causando confusão em quem o utiliza.
Ex.: Leônia, Trude, Procópia, Cecília e Penteziléia.















As cidades ocultas:

    Cada um usa a cidade a sua maneira de acordo com suas rotinas e suas relações, suas ações interferem no espaço e este, por sua vez, interfere em todos, assim, são formados espaços que podem ser considerados uma parte separada da cidade.
 Ex.: Olinda, Marózia, Teodora e Berenice


      Concluímos então que ao descrever as cidades visitadas por Marco Polo, Italo Calvino cria através da ficção e de narrativas rápidas definições de diferentes cotidianos e críticas sutis  à sociedade moderna.


Curso de Arquitetura e Urbanismo - CAU
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG
Disciplina: Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo - THAU I
Professor: Iranilson Buriti

AUTORES: 


- Pedro Carvalho
- Renata Oliveira
- Mariana Andrade
- Franciele Gonçalves
- Tainá Gomes
- Caroline Medeiros